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Inaugurada mais uma unidade especializada para tratar a Covid-19

Depois de, há dias, ter visitado o Hospital de Campanha de Viana, na Zona Económica Especial (ZEE), o Presidente da República efectuou, ontem, uma visita de campo ao Centro de Rastreio e Tratamento da Covid-19, Centro Médico Girassol do Quilómetro 27, em Luanda.
O centro, com capacidade para 90 camas, foi construído em 27 dias e teve um custo de dois mil milhões de kwanzas. O mesmo vem reforçar a capacidade de resposta do país face à propagação da pandemia. O Presidente João Lourenço, acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, e de membros da Comissão Multisectorial para o Combate à Covid-19, visitou o Centro Girassol que tem três naves (alas amarela, laranja e vermelha), cada uma com 30 camas e equipadas com meios de última geração. Cada uma das alas tem 1200 metros quadrados. As três naves ocupam aproximadamente 3.600 metros quadrados.
A ala amarela ou de quarentena tem 30 camas está preparada para receber pacientes positivos assintomáticos. A vermelha é destinada a pacientes da Covid-19 em estado crítico e sujeitos à ventilação. Neste momento, o centro possui 25 ventiladores. Nesta área também está instalado o serviço de diálise, com capacidade para atender 20 pacientes.
O acesso às três alas depende do nível de gravidade do paciente, que pode ser leve (ala de cor amarela), moderado (laranja) ou crítico (vermelha). Todas elas possuem um sistema de pressão negativa, que evita que o vírus ou bactérias em ambiente interno migrem para o exterior. Na breve entrevista aos jornalistas no termo da visita de uma hora, o Presidente da República sublinhou que acabava de visitar mais uma unidade hospitalar pública, colocada ao serviço dos cidadãos que venham a ser acometidos pela Covid-19 ou outras patologias tão graves quanto esta.
O Titular do Poder Executivo congratulou-se com o facto de ter passado por mais uma unidade num espaço de pouco menos de uma semana em que procedeu à entrega do Hospital de Campanha da Zona Económica Especial. “A apreciação que temos é que esta unidade está muito bem equipada, não apenas em termos de meios, mas também de capital humano, médicos e paramédicos, todos em condições de assistir aos doentes que, eventualmente, venham aqui parar”, realçou João Lourenço.
Já pronta para receber doentes com a visita efectuada pelo Presidente, a unidade de saúde pretende oferecer um atendimento diferenciado e humanizado a pacientes infectados pela Covid-19, assinalando a componente das medidas de biossegurança no que diz respeito aos equipamentos de protecção individual e procedimento padrão.
A contar com cerca de 240 profissionais envolvidos, o centro está equipado com tecnologia de ponta para rastreio, diagnóstico e tratamento da Covid-19. Além disso, dispõe de laboratório, serviço de imagiologia composto por um RX convencional, Ecografia e uma unidade de TAC a aguardar apenas pelo licenciamento da Autoridade Reguladora de Energia Atómica de Angola (ÁREA) e também um serviço de diálise.
Resposta emergencial
O director clínico da Clinica Girassol, Pedro Reais, disse que a estrutura foi identificada como ideal para dar resposta emergencial à pandemia e destacou o processo de formação que teve início com o apoio do Ministério da Saúde, que permitiu o treinamento de dez profissionais em biossegurança, na Barra do Kwanza. Actualmente, a clínica II tem um centro de formação para treinamento de 1200 profissionais em matéria de biossegurança.
“Estamos capacitados para abrir uma unidade desta dimensão e poder, além de acompanhar pacientes, formar outros profissionais. Todos os profissionais, entre médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde que vão trabalhar no centro tiveram formação em biossegurança, de acordo com as regras padronizadas a nível internacional e certificadas pelo Ministério da Saúde”, assegurou Pedro Reais.
O centro pode fazer a monitorização central dos sinais vitais dos pacientes na ala vermelha ou na ala laranja, além de ser também possível a partilha de dados através de um centro de dados com a Clínica Girassol, tanto de imagem como de exames de laboratório. Toda a estrutura é suportada por um grupo de geradores de 3.500 Kva e uma UPS de 300 Kva, sistema de tratamento de água, estrutura de gases medicinais e de ar comprimido e um sistema de tratamento de águas residuais.
O novo Centro de Rastreio e Tratamento da Covid-19 tem uma equipa multidisciplinar que trabalha num regime de sete dias contínuos, seguidos de 14 dias de quarentena institucional. Tem, também, um espaço destinado ao alojamento, composto por uma ala com 30 camas. Esta equipa é composta por 15 médicos das especialidades de cuidados intensivos, medicina interna, anestesiologia, cardiologia e pediatria, entre outros. Fazem igualmente da equipa 35 enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, pessoal auxiliar de acção médica e serviço de apoio.
Segundo o gestor, com o novo estabelecimento, o anterior Centro de Rastreio e Tratamento da Covid-19, localizado no edifício 2 da Clínica Girassol, vai ser gradualmente desactivado. Numa breve apresentação do Centro ao Presidente da República, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, lembrou que o mesmo está equipado com os meios adequados, com o propósito de contribuir para o aumento da capacidade de resposta à pandemia no país.
Diamantino Azevedo anunciou que o Hotel Suit Maianga está aberto para albergar equipas médicas e outros profissionais de saúde envolvidos no tratamento e combate à pandemia. Para tal, estão disponíveis 50 suites.
Responsabilidade social da Sonangol
O presidente do Conselho de Adminsitração da Sonangol lembrou que a petrolífera tem apoiado o Plano de Contingência de Combate à Pandemia, através de acções que passam pelo fornecimento de combustível aos governos das 18 províncias do país e ao Ministério da Energia e Águas, para assegurar que o abastecimento de cisternas para fornecimento de água a estabelecimentos essenciais seja feito sem constrangimento.
Em declarações à imprensa, Sebastião Pai Querido Martins disse que o momento é para pensar nas estratégias de combate à pandemia, mas tal não impede que se projecte o aproveitamento futuro do centro, fundamentalmente em matéria de doenças infecciosas que precisem de ser tratadas longe do centro urbano. Além disso, falou na possibilidade de assistência médica à comunidade circunvizinha, em termos de tratamento permanente no pós pandemia.
“O pós-Covid constitui uma das maiores preocupações da empresa, que não se limita à prevenção e combate da pandemia. Estamos a preparar o centro para servir, não só as comunidades, mas também, o tratamento de doenças distante das zonas urbanas. Este é um local ideal para tratamento de doenças infecciosas e é bom tê-lo numa zona distanciada do centro urbano”, afirmou.
Um desafio em mãos
A jovem médica Inara Gamboa é coordenadora do combate ao Covid-19 no Centro Girassol Km 27. Garante que o pessoal está habilitado a fazer face à Covid-19, tratando os pacientes que forem encaminhados ao centro. Ainda assim, a especialista em pediatria e gestão hospitalar diz estarem prontos para a formação contínua, no plano da biossegurança e outras matérias. Segundo Inara Gamboa, o centro pode fazer 60 rastreios por dia.
Amélia Cassinda encontrou o seu primeiro emprego no centro. E faz parte dos 240 trabalhadores do centro, entre médicos e outros profissionais de saúde. Cassinda lembrou que o emprego é importante, mas exige cuidados redobrados numa fase de particular melindre, mesmo quando o equipamento é bem reforçado e seguro.
Domingos Moreira, outro funcionário, partilha a mesma ideia, embora tenha como bandeira a coragem para enfrentar medos. “Trabalhar com medo, principalmente na limpeza, pode atrapalhar-nos ou afectar a qualidade do nosso trabalho”, disse.

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